É
fundamental buscar contribuições de outras áreas quando queremos
trabalhar com a produção de mídias na escola. O texto que segue, por
exemplo, foi escrito por um especialista em design. Embora o autor tenha
um olhar mais voltado para o mercado editorial, seus conhecimentos
podem agregar muito valor a produção de uma revista que não visa lucro. Claro, neste caso, é importante estarmos atentos aos aspectos das
mídias/tecnologias na educação para desenvolver um trabalho crítico com
nossos alunos.
Assim, a atividade à distância consiste em ler o texto "Como diagramar uma revista" e pontuar pelo menos um item que precisa ser abordado de outro modo quando se produz revista digital com fins educativos. Como seria este outro modo? Comentem.
A fonte do texto está disponível em http://design.blog.br/design-grafico/como-diagramar-uma-revista-parte-1 e foi acessado em 14/05/2013. Boa leitura!
Como diagramar uma revista? – parte 1
Diagramar
uma revista não é uma tarefa fácil. Nesta série de artigos, vou ensinar
a parte teórica da diagramação de revistas. Desde layout a fontes e
disposição de informações.
A parte prática
Como
usar o InDesign? Como usar o Illustrator? Photoshop? Corel Draw?
InkScape? Olha, vou ser franco: não vou ensinar isto. A parte prática é
feita apenas no final do processo, e cada designer tem seu software de
escolha. Aqui vou ensinar o mais importante: a teoria. Entenda que a
teoria é a parte mais importante de todo o processo. Não adianta você
querer abrir o InDesign e criar uma revista super legal se você não sabe
como será a funcionalidade dele.
Antes de começar
Pode
tratar de fechar seu software. Desligue seu computador. Não tente
começar a diagramar antes de fazer todo o processo que antecede a
criação no software. Como tudo no mundo do design, o processo é feito
90% fora do computador. Só a finalização que deve ser feita nele.
Escolha o tema
Ok,
com isto feito, está na hora de pensar. Sobre o que vai ser sua
revista? Qual o tema dela? Esse é o primeiro passo e o mais importante.
Toda revista tem um tema principal – a Super Interessante trabalha com o
tema de “conhecimento”. A Revista Caras é sobre notícias de
celebridades. A Veja, notícias gerais. A Playboy…bom, você deve saber.
O
tema deverá ser algo que você – ou as pessoas que vão escrever nela –
domine. Eu nunca escreveria sobre design de moda, pois é algo que não
entendo nada. Mesmo se você não vá escrever na revista, apenas
diagramar, procure saber sobre o assunto. Leia outras publicações a
respeito, visite sites que tratam sobre ele, etc.
Com o tema definido, próximo passo:
Defina o público-alvo
Quem
vai ler sua revista? Não me venha com a resposta “todo mundo”, pois
cada revista tem um público-alvo por mais abrangente que possa ser. Quem
lê a Super Interessante, por exemplo, é um público que está sempre
buscando aprender mais sobre qualquer coisa. Mesmo se alguém lê a Super e
a Caras, saiba que o público-alvo de cada uma das publicações é
diferente (quem lê ambos é considerado uma exceção). A Veja é uma
revista que procura tratar de qualquer notícia da atualidade, seja nas
áreas de economia, política ou esportes. É um público-alvo abrangente,
porém é diferente da revista Carta Capital – que pode até ter muitos
assuntos em comum com a Veja – pois a Carta Capital é uma publicação de
esquerda.
Conheça seu público-alvo
Conheça seu público-alvo
O
que faz seu público-alvo? Qual a média salarial dele? Leitores da
revista Tititi – uma publicação que acompanha as novelas brasileiras –
são consideravelmente diferentes dos leitores da revista IstoÉ Dinheiro
especialmente no quesito média salarial, pois os leitores da Tititi são
(em grande maioria) pessoas que trabalham em casa ou em locais de renda
média. Já os leitores da IstoÉ Dinheiro são pessoas que trabalham com
bolsa de valores, finanças e negócios – considerados trabalhos de renda
maior.
Qual o nível de
ensino do seu público? Uma revista de direito tem uma linguagem
diferente de uma de engenharia, que por sua vez tem uma linguagem
diferente de uma revista noveleira.
Anote
tudo isto em uma papel. Conheça bem seu público. Se você não faz parte
deste público, pesquise sobre eles. Conheça pessoas que são os
potenciais leitores de sua revista. Entenda o que eles fazem. Procure
descobrir as nuanças do grupo – o que difere eles do resto da população.
Conheça seus concorrentes
A
não ser que você esteja fazendo uma revista sobre plantação de grama ou
algum tema absurdo, as chances de você ter um concorrente são grandes. A
Playboy, por exemplo, tem como concorrente a VIP.
Você nem nasceu e já tem concorrentes
Como
que seu concorrente aborda o assunto? Como que é a revista? Eles usam
mais imagens do que texto? O que eles oferecem em termos de conteúdo? O
que faz o seu público-alvo ler a revista deles? Quem anuncia naquela
revista?
Faça uma lista
com todos os pontos fortes e fracos do seu concorrente. Vale de tudo:
até tiragem, disposição nas bancas, vendas online, quantidade de
assinantes, qualidade de conteúdo, etc. E cuidado se você achar que seu
concorrente não tem pontos fracos, ou que ele não tem pontos fortes –
todos tem isto!
Com essa
lista em mãos, está na hora de pensar. Pense: como que posso fazer os
pontos fortes do meu concorrente ficarem mais fortes, só que pra mim?
Como que posso usar os pontos fracos do meu concorrente a meu favor?
Anote tudo (você deveria estar anotando tudo desde o início já). Filtre
suas idéias em “viável” e “inviável”. Por exemplo, você pode fornecer
desconto aos primeiros 1.000 assinantes mas fornecer algum brinde a eles
no ato da assinatura vai fazer seu custo ficar lá em cima,
eventualmente inviabilizando a idéia.
Agora
que você já conhece bem seus concorrentes e conhece bem a si mesmo,
está na hora de começar a esboçar a revista propriamente dita. Mas isto,
só no próximo artigo ;)
Como diagramar uma revista? – parte 2
A estrutura
Vou
generalizar aqui – afinal de contas, muitas revistas são bem similares
em sua estrutura. As que não seguem, são a excessão. Para facilitar
nossa vida, falarei no mais comum; De início, a capa. Não necessito
explicar mais que isso. Na contra-capa geralmente há algum anúncio de
página inteira. Em seguida, o índice. Logo depois, o editorial. Aí em
diante vem todo o conteúdo. Essa é a estrutura básica.
Pode
comparar. Você notará que 99% das revistas são exatamente assim: capa,
índice, editorial (ou informações sobre a revista ou editora).
Capa - Índice - Editorial
Agora
note a estrutura página-a-página. É sempre a mesma história: título,
chamada e texto. O título visa chamar a atenção inicial do leitor, a
chamada tem como objetivo prender a atenção dele e por fim, o texto
informa todo o restante. É só notar como é neste mesmo blog:
Repetição do layout
Seja
consistente na hora de fazer o layout de sua revista. E tenha isto em
mente ao diagramar a primeira edição. Se você notar, uma revista é igual
em termos de disposiçõa de informações em todas suas edições. Faça um
experimento: pegue duas revistas iguais porém de edições diferentes. Vá
até o índice. Veja como as duas edições são bem similares em termos de
estrutura.
Duas edições diferentes. Note a similaridade.
E
isto não só na capa, índice e editorial. A estrutura é mantida na
revista inteira, com leves modificações ali e aqui. Se você notar bem na
imagem abaixo, retirada de uma edição da Veja, verá que o conteúdo é
separado em cabeçalho e mais três colunas. As colunas tem espaçamento
igual, e até o tamanho das fontes dos títulos dos 3 primeiros artigos
são iguais. E o título daquele último artigo? Na verdade, aquele artigo
era o primeiro da seção “Brasil”.
Templates
Templates
são arquivos-base de layout que podem ser utilizados de diversas
maneiras. Você pode utilizar o mesmo template em artigos de um assunto
específico, ou mudar os templates de acordo com cada seção da sua
revista. Algumas revistas possuem mais de 100 templates diferentes, que
muitas vezes diferem só um pouco uma das outras.
Veja
como exemplo a imagem abaixo. Imagem ocupando quase toda a metade
superior da página, título logo abaixo, chamada ocupando o espaço de
duas colunas e três colunas de texto.
No
entanto, a imagem da esquerda é o primeiro artigo da seção
“Internacional”, logo o mesmo vem com destaque. O título do artigo é em
caixa alta, em contraste com a imagem da direita que é normal.
Na
imagem abaixo, você pode perceber que o template ficou quase o mesmo em
3 páginas de um mesmo artigo. Isto também pode ser feito para
diferenciar o artigo dos outros. Há também a presença de um dos ítens do
design: a repetição. Note quantas vezes é utilizado o “Q” como parte do
layout.
Exercício de hoje
Se
você não tiver nenhuma revista, vá a uma banca mais próxima e compre
algumas. Podem ser revistas diferentes, e nem precisam ser revistas que
você iria ler. O objetivo é você observar todos os aspectos do layout
delas e como a informação é disposta. Se preferir, rabisque a estrutura
de cada página em uma folha, apenas para compará-las depois. Quanto mais
revistas você analisar (de publicações diferentes), mais você verá as
possibilidades de layouts.
No próximo artigo…
Na
terceira parte da série, você aprenderá sobre a escolha de fontes,
cores e identidade visual. Além disto, está chegando a hora de você
esboçar sua primeira revista. Fique ligado! Aproveite para assinar o
feed e não perder o próximo!
Como diagramar uma revista? – parte 3
Antes
de começar a esboçar sua revista, preste atenção em mais alguns
detalhes. Sim, sei que até agora a única coisa que fizemos foi de olhar,
analisar e fazer anotações. Mas design é isto. Como falei no início: se
você achou que eu iria mostrar como abrir um software e diagramar algo
sem propósito, estava redondamente enganado.
Detalhes menores
Até agora olhamos a revista em um ângulo mais aberto. Vamos focar em pequenos detalhes de uma revista.
Em
algumas revistas, e em algumas páginas específicas você vai encontrar
um artigo ou outro com uma borda na página inteira. Esta borda quase
sempre está em volta de um artigo opinativo de um colunista específico. A
borda indica que, o texto nela contido, não necessariamente expressa a
opinião da revista. Ou seja, a opinião expressada é somente a do autor.
Muito usado na “Carta aos Leitores”, escrita pelo editor, que pode não
representar o que a revista ou os donos dela pensam.
Se
for ter uma coluna de opinião pessoal, lembre-se de conter ela em uma
borda para que fique visível o fato dela “não pertencer” (pelo menos não
necessariamente) a ideologia da revista.
O
rodapé nas revistas pode ser diferenciado, mas sempre possui três ítens
distintos: O número da página, a data da revista (ou edição) e o nome
dela. Em qual ordem e como exatamente é mostrado varia, mas estão sempre
lá. Outra coisa importante do rodapé é o posicionamento: sempre no
canto inferior externo. Ou seja, na página da esquerda, fica no canto
inferior esquerdo e na página da direita, no canto inferior direito.
Isto facilita a procura por páginas específicas. Lembre-se também de
sempre colocar na exata mesma posição em todas as páginas.
Final de um artigo
Alguns
artigos ocupam mais de uma página. Como que o leitor vai saber que o
artigo termina naquele parágrafo e que a próxima página é dedicada a um
outro? Para isto, existem os símbolos de final de artigo. Não é nenhum
mistério: os símbolos de final de artigo são para representar o final do
artigo. Cada revista tem a sua específica:
Veja, Info e Super Interessante respectivamente
Veja, Info e Super Interessante respectivamente
Identidade visual
A
identidade visual de cada revista é composta de família, tamanho, cor e
espaçamento da fonte. Também inclui as cores “institucionais”, nomes
das seções e todos os ítens que compõe o visual da revista. A identidade
visual é criada para ser seguida à risca. Serve para manter uma
harmonia entre os artigos além de facilmente identificar qual revista
que é, sem a necessidade de ter que ver o rodapé ou a capa.
Edições diferentes, mas é possível notar que é a mesma revista
Hora de colocar a mão na massa
Ufa, parece que cobri tudo de importante. Então, tá na hora de colocar a mão na massa.
O nome
Até
agora, você deve ter um documento com tudo explicado sobre sua revista:
o tema, o público, o diferencial, os concorrentes, etc. Está na hora de
criar um nome. Esta parte é com você. Escolha algo que seja fácil de
ser lembrado e falado.
Após
criado o nome, você vai precisar se concentrar em uma identidade
visual. Aí que o bicho pega. Lembre-se de focar no fato de que você está
criando uma revista. O logotipo deve ser de fácil leitura e deve ser
possível de diminuir ela a um tamanho muito pequeno.
Não
vou ensinar o passo-a-passo de criar um manual de identidade visual: se
você ainda não sabe fazer isto, sugiro que vá aprender primeiro. O
manual é o básico que todo designer gráfico deve saber. Lembre-se de
incluir as cores no qual o logo poderá ser impresso, o fundo que ele
pode ter, tamanho e disposição dele, etc.
É
importante notar que, ao contrário de um logotipo qualquer, o da
revista precisa ser muito mais volátil. Muitas vezes o logo vai ficar
sobre um fundo muito colorido, outras vezes vai ficar um pouco escondido
por um título. Tente fazer algo o mais abrangente possível para que ele
caiba em todas as situações.
Note como o logotipo aparece bem em um fundo colorido e fundo neutro
Exercício de hoje
Desenvolva
seu manual de identidade visual do logotipo. Não se preocupe com o
restante do layout ainda. Isto veremos no próximo artigo. Lembre-se
sempre de comparar aos seus concorrentes e analisar como eles fizeram.
Isto lhe dará uma boa idéia do que é bom e o que é ruim.
Como diagramar uma revista – parte 4
Escolha das fontes
Parece
ser uma escolha fácil de ser feita, mas é longe disto. Quando criei
minha primeira revista para um projeto de faculdade (que deu inspiração a
este blog), a escolha da fonte foi a mais difícil. Não é tão simples
quanto dizer “vamos usar Arial e pronto”, pois há um problema enorme em
relação a direitos autorais.
A
maioria das fontes que você usa no seu computador são de uso gratuito
para fins pessoais. Tente vender uma revista usando elas e logo logo
você será descoberto pelo dono. Mas então como se escolhe uma fonte?
Antes
de pensar na parte econômica, é necessário buscar uma fonte que sirva
ao propósito. Neste caso, seria o da facilidade de leitura em impresso. A
maioria das revistas preferem fontes sem serifa, pois em impressões de
baixa qualidade ela ainda fica legível. Além disto, é necessário se
preocupar com o kerning – o espaçamento entre uma letra e outra (se você
não sabia disto, sugiro ler meu artigo sobre “O que é tipografia?”
antes de continuar).
Em um
tamanho normal de 12 pontos da fonte que você escolheu, um texto de 500
caracteres ocupa quanto espaço? É importante notar este tipo de
detalhe, pois um espaçamento mesmo que 5% maior do que uma fonte de
segunda escolha pode fazer com que sua revista fique maior que o
esperado.
Note a diferença visível entre duas fontes similares
Note
como a Geneva (que possui o mesmo tamanho da Arial) é mais espaçada
entre as letras, fazendo com que ocupe meia-linha a mais com o mesmo
número de caracteres – uns 10% do parágrafo total. Pode não parecer
muito, mas a diferença entre uma revista de 100 páginas e 110 páginas é
grande – o suficiente para deixar de colocar 10 páginas de publicidade.
Para
ajudar a decidir melhor qual fonte usar, imprima o mesmo texto em
fontes diferentes. Sim, é necessário imprimir! Fonte em tela fica
diferente de fonte impressa. Preferencialmente, imprima um texto normal
(e não o “nononono” que publicitários usam).
Após
escolher sua fonte, agora é correr atrás para licenciar o uso dela.
Entrar em contato com o autor, negociar um preço, fechar contrato, etc.
Boa sorte ;)
Escolhendo as cores
A
maioria das revistas tem algumas cores básicas que são repetidas
páginas afora. A Super Interessante usa bastante o vermelho, a Info
Exame, laranja, etc. Estas cores você pode usar no nome das seções (que
você já já vai definir), em pequenos detalhes e tudo mais que você achar
melhor.
O uso destas
cores deverá ser sempre respeitado, assim como as cores de uma
identidade visual são sempre (ou pelo menos sempre deveriam) serem
respeitadas.
Definindo as seções
Você
notou que, mesmo as revistas focadas a um assunto específico (ao
contrário da Veja, por exemplo, que trata de vários assuntos), existem
seções. A minha revista predileta, a abcDesign, possui algumas seções
pré-definidas e outras mais livres. Por exemplo, existe Design &
Cultura, Design e Sustentabilidade, Design e Educação, Fatos Gravados,
Cases, Entrevista, etc. A maioria delas também possui autores fixos –
Fatos Gravados é sempre escrito pelo Ericson Straub.
Quais
seções que sua revista terá? Os autores são fixos para estes? Haverá
seções que serão fixas, inclusas em todas as edições e algumas especiais
que serão esporádicos? E qual a ordem delas? A ordem precisa ser sempre
a mesma em todas as edições.
Anote todas estas informações, inclusive fazendo um breve resumo do tipo de artigo de cada seção.
Desenvolvimento de templates
Como
já explicado, os templates são layouts pré-definidos. Algumas revistas
possuem centenas de templates que ditam como o conteúdo vai ficar, como
que as imagens são dispostas e até mostram onde a publicidade deve
permanecer.
A quantia de
templates que sua revista terá depende do conteúdo dela. Quantas páginas
você pretende ter por edição? Cada seção terá seu próprio layout fixo,
ou o mesmo pode variar de edição para edição?
O
ideal neste ponto é você esboçar vários layouts. Não tenha medo de ser
feliz neste ponto. Esboce pelo menos 2 vezes mais layouts do que você
pretende usar, e só depois selecione os que você acha que seguem um
certo ritmo. Esses layouts você usará como template para seus textos.
“Canha,
você não vai me ensinar a esboçar um layout?” Vixi. Outra coisa que um
designer já deve saber antes de começar a pensar em diagramar uma
revista. Vou ensinar os pontos básicos apenas – o restante, como
utilização dos princípios básicos do design, fica por sua conta.
Como fazer um layout
Layout
nada mais é que a disposição de informações sobre uma página. É o
layout que vai determinar como e o que o leitor irá ler. Na maioria das
vezes, o layout é composto de título, sub-título, chamado, artigo e
talvez uma imagem. E existem infinitas maneiras de se fazer isto.
(Apenas
um adendo aqui: O uso de imagens é altamente recomendável. Imagens
chamam e prendem a atenção do leitor de uma maneira mais efetiva do que
um chamado ou um título)
Como
falei, existem infinitas maneiras de se diagramar estes poucos ítens.
Solte a criatividade. Você pode, por exemplo, fazer com que uma página
inteira se dedique ao título e chamada do artigo, tendo uma imagem de
fundo. No entanto, cuidado com o uso excessivo de imagens de fundo. Uma
imagem muito colorida facilmente distrai e dificulta a leitura em textos
corridos.
Você pode encontrar vários exemplos de layouts de revistas no Google Images.
E lembre-se sempre de aplicar os princípios básicos: alinhamento, contraste, repetição e proximidade.
Até agora…
Ok, um resumão do que você deve já ter até aqui:
Nome, descrição, público-alvo, concorrentes, etc da sua revista
Manual de identidade visual do logo
Nome das seções
Fontes e cores definidos
Templates dos layouts escolhidos
Mas e onde você vai colocar todas estas informações para referência futura? É para isto que existe o…
Projeto Editorial
O
projeto editorial serve para inserir todas as informações pertinentes a
sua revista. É onde ficará também seu manual de marca, descrição do
conceito e público-alvo, características técnicas de fonte, tamanho,
espaçamento, etc do título, sub-título, chamada, texto, legendas e por
aí vai.
Este projeto precisa ter tudo sobre sua revista e será consultado a cada nova edição para ver se está tudo padronizado.
Tenha
este documento impresso em uma boa qualidade. Sugiro que encaderne ele,
pois você irá utilizá-lo bastante enquanto tiver sua revista.
Pronto!
Toda a parte teórica da sua revista está completa. Basta começar a
preparar a primeira edição! E isto, faremos na próxima edição final!
Como diagramar uma revista – parte 5
Até agora, você deve ter os seguintes itens:
Nome, descrição, público-alvo, concorrentes, etc da sua revista
Manual de identidade visual do logo
Nome das seções
Fontes e cores definidos
Templates dos layouts escolhidos
Projeto editorial
Agora, basta juntar seu conteúdo.
Conteúdo
O
objetivo destes artigos não é o de mostrar o passo-a-passo de como se
cria uma revista, apenas como se diagrama ela. O conteúdo é geralmente
moldado ao layout em vez de ao contrário.
Com
o conteúdo (texto e imagens) em mãos, escolha o layout mais adequado
entre os templates da revista. Formate o conteúdo de acordo, sempre
respeitando todo o manual do projeto editorial. Lembre-se de seguir as
várias dicas dadas nestes 5 artigos.
Afim
de ver se o conteúdo está em bom tamanho e legível, faça o teste da
pré-impressão imprimindo cada artigo em uma folha. No exemplo da revista
que criei, cada folha terá um tamanho aproximadamente de uma página A4.
O boneco
O
boneco nada mais é do que a revista pronta em tamanho menor, para
analisar a disposição das páginas e conteúdo. Pessoalmente, recomendo
imprimir em uma folha A4, frente e verso, e dobrá-lo – neste caso, cada
folha teria quatro páginas: duas de um lado e duas do outro. Como você
irá encaixar eles, notará que é preciso ver qual folha terá qual página.
Por
exemplo: sua revista terá 40 páginas. Na primeira folha, você terá (na
ordem) o seguinte: contra-capa (folha final da revista – geralmente com
propaganda), capa (primeira folha da revista) e no verso,pós-capa
(segunda folha da revista, geralmente com mais propaganda) e penúltima
(folha antes da contra-capa).
Minha
sugestão é: faça uma cola. Pegue um papel, corte em vários pedaços e vá
dobrando um dentro do outro. Depois de atingir o número de páginas que
você quer ter na sua revista, vá escrevendo o número das páginas na
folha. Agora, desdobre tudo e veja como ficou. Notará que ficou similar
ao esquema acima.
Observações finais
Antes de mandar sua revista para a gráfica, algumas observações finais:
Cuidado
com linhas viúvas. Linhas viúvas são aqueles parágrafos cuja última
palavra (ou duas últimas) ficam em uma linha sozinha, mais ou menos
assim.
Evite
imagens como fundo de texto. É uma questão de legibilidade. Se a imagem
estiver muito colorida, por exemplo, o seu texto com uma cor só pode
ficar difícil de ler.
Procure
começar um artigo sempre na página da esquerda. Aqui no ocidente, lemos
da esquerda para a direita. Logo, artigos que começam pela esquerda tem
maior chance de serem lidos.
Anúncios,
preferivelmente do lado direito. Por quê? Pois há uma maior exposição
do lado direito. Pegue qualquer revista e folheie-a rapidamente. Notou
como você viu quase só anúncio? “Mas por que não colocar meu conteúdo do
lado direito, para chamar a atenção do leitor?” – por um motivo
simples: quem paga a revista, são os anunciantes. E anúncios neste lado
são mais caros.
Quem paga a
revista, são os anunciantes. Note o caso da “Veja”: parece que 40% da
revista é dedicada a publicidade. Mesmo com uma tiragem e venda super
alta, o preço cobrado pela revista ao leitor não arca com todos os
custos. Os valores de publicidade chegam a R$ 50.000 por uma folha
inteira. São os anúncios que fazem com que a revista possa continuar
existindo. Então quando estiver diagramando, deixe espaços bons para
seus anunciantes.
Cuidado
com a resolução. Qual será a resolução de impressão? A qualidade da sua
revista será o equivalente a de um jornal? Ou algo mais dentro dos
padrões atuais? Lembre-se de usar as imagens de acordo com isto. Por
isso a importância de fazer uma pré-impressão em um tamanho aproximado.
Use uma imagem de resolução muito baixa, e a impressão fica estourada.
Uma de resolução muito alta, o resultado é um arquivo desnecessariamente
pesado.
Finalizando
Agora,
basta preparar o arquivo para a impressão. Esta é uma parte técnica que
não vou explicar – se você não sabe como fechar um arquivo, sugiro que
peça ajuda a quem sabe fazer isto bem.
No
caso da minha revista, eu decidi imprimir em uma gráfica normal. Foi
feito em tamanho super A3, frente e verso, refilado e dobrado. O
resultado final foi este:
Comparativo de diagramação
ResponderExcluirNo texto "Como diagramar uma revista" o autor relata a importância de se conhecer os concorrentes, porém como a nossa publicação não tem fins lucrativos não há interesse de tratar as outras publicações como concorrentes. Mesmo assim, é interessante conhecer outras publicações no gênero, verificar em que pontos elas focam, qual o estilo de redação e quais as sessões que elas têm. A partir daí é possível traçar uma direção para iniciar a puplicação.
Muito interessante essa colocação! Apesar de não termos "concorrentes", podemos nos pautar nos acertos e erros das outras publicações para não precisarmos "reinventar a roda", certo? Bem, uma pergunta que eu coloco é: com esse usuário, quem está falando? ;)
ExcluirAbraços.
Não entendi a pergunta, Carol. Mas seguindo na linha dessas duas postagens anteriores, sua e de Exix (quem?) ...
ExcluirAcho que temos sim algumas concorrentes. Revistas com objetivos muito diferentes do nosso, e por isso mesmo mais eficientes, mas que concorrem sim pela atenção de nosso público alvo. Mas quem dera tivéssemos muitas revistas concorrentes de peso, eficientes de fato, para essa faixa etária. O que temos são games, programas de TV, celulares e redes sociais entre outras mídias que concorrem pela atenção deles. Acredito que podemos ser tanto mais eficientes, no objetivo de atrair a atenção e estimular a leitura de nosso público, quanto mais conseguíssemos imprimir a linguagem, o design e até alguns recursos dessas outras mídias, explorando ao máximo o potencial digital dessa nossa revista. Estamos tentando fazer isso na nossa sessão " Passatempo". Da mais trabalho, eu sei! : / , mas vai ficar mais “teen”... Não é isso que queremos?
A principal questão a se destacar no caso de uma revista feita na escola é a concorrência. Contudo não se trata de discutir a concorrência mercadológica visando lucro, é claro, mas sim a concorrência em relação às múltiplas escolhas de leitura do nosso público. É importante pensar em um modelo de escrita bastante amarrado com o interesse e a participação do público leitor. As crianças e adolescentes se sentirão mais atraídas pelo material escrito na medida em que participarem desta escrita e que os assuntos sejam relevantes para sua faixa etária, tratando de assuntos do seu cotidiano. Se nosso público da escola se encantar, certamente levarão este encantamento às suas famílias. Nesse caso, trato aqui dos materiais que serão produzidos posteriormente na Escola e não da revista que estamos produzindo enquanto grupo de formação no NTM. Um abraço à todos e ótimo final de semana. Regina Lima
ResponderExcluirInteressante essa perspectiva, Regina! Trazer o aluno para o processo de autoria e não apenas pensar na produção de algo para. É pensar, então, num conceito de mídia-educação COM a participação das crianças e jovens. Um abraço.
Excluiro autor destaca o rodapé onde é identificada a edição, ano, número ... da revista, isso é bem importante para que ao colocarmos para nosso público (crianças) pois eles, também dão importância a esses dados quando querem indicar para um amigo algo que viram, assim deve ficar bem visível.
ResponderExcluirGostei da sua perspectiva mais técnica! Vamos nos atentar para isso na produção do nosso artigo no scribus. Um abraço!
Excluirsobre o template ...
ResponderExcluiro template é bastante interessante ... li um artigo bem interessante porém, o template de certa forma inibe o ato criativo. É claro que, o template deve ser usado como base para um determinado projeto que já teve seu "momento criativo" definido.
Olá Marise,
ExcluirNessa perspectiva, não estamos falando de um template pronto e, sim, de uma projeção de como será nossa página graficamente, também pensando nos elementos comuns que vão caracterizar a identidade visual da revista, para que cada página não seja uma revista a parte, certo? Abraço.
O texto nos mostra que além dos itens citados anteriormente, diagramar não é uma tarefa simples e nem tão pouco individual, exigindo um amplo estudo sobre o público a ser alcançado e conhecimento do assunto a ser diagramado.
ResponderExcluirAcho que a diagramação é tão importante quanto a escolha do tema da revista, porque é através dela, que iremos padronizar e criar o layout, dando identidade a revista e harmonia entre os artigos pré-definidos no projeto editorial.
O fato de ser uma revista eletrônica, de software livre, torna o produto final acessível e possível de ser produzido nas nossas escolas, dando maior visibilidade aos trabalhos nelas executados.